Os Estados Unidos anunciaram nesta quinta-feira (20) a retirada da tarifa adicional de 40% aplicada a alguns produtos agrícolas brasileiros, entre eles carne bovina e café, segundo nota da Casa Branca. A decisão será válida para itens importados a partir do dia 13 de novembro, conforme o decreto executivo assinado pelo presidente americano Donald Trump. NSC Total+2Estadão MT+2
De acordo com o texto divulgado pela Casa Branca, a medida reflete um acordo inicial alcançado em conversas diplomáticas entre o governo brasileiro e o americano. Trump mencionou uma ligação telefônica com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, realizada no início de outubro, como parte do processo para “abordar preocupações” relativas ao chamado “tarifaço” que pesava sobre diversos produtos agrícolas brasileiros. Estadão MT
A lista das categorias beneficiadas com a isenção inclui café, carne bovina, açaí, cacau e outros — ao todo, são cerca de 249 itens que foram excluídos da sobretaxa de 40%. Estadão MT+1
O anúncio foi bem recebido por exportadores nacionais, especialmente daqueles ligados ao agronegócio. A Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec) considerou a decisão como um alívio importante, destacando que a reversão das tarifas reforça “a estabilidade do comércio internacional e mantém condições equilibradas para todos os países envolvidos.” Estadão MT
Já o Cecafé (Conselho dos Exportadores de Café do Brasil) analisa os impactos do decreto: há dúvida se a medida se aplica apenas à tarifa base ou se engloba também a sobretaxa adicional que havia sido imposta. Agência Brasil
Esse movimento representa uma guinada nas medidas protecionistas que vinham pressionando a pauta exportadora brasileira. Em meados de 2025, os EUA haviam imposto sobretaxas de até 50% sobre determinados produtos brasileiros — um pacote que gerou fortes tensões diplomáticas. Serviços e Informações do Brasil+2Wikipédia+2
Analistas interpretam a reversão como parte de um esforço de Trump para aliviar as tensões com o Brasil, num momento em que o país exerce papel estratégico no agronegócio global. Para parte do governo brasileiro, a decisão abre caminho para retomar exportações com mais competitividade.
Apesar da comemoração entre exportadores, alguns setores alertam para os riscos de que a medida possa não trazer alívio total. Segundo a jornalista da revista Veja, embora a retirada da tarifa seja positiva para a carne, no setor do café a situação ainda é delicada: outros países concorrentes também receberam isenções, o que poderia prejudicar a competitividade brasileira a longo prazo. VEJA
Além disso, a decisão dos EUA pode gerar reflexos econômicos mais amplos: uma recuperação parcial nas exportações não garante retorno imediato para todos os produtores, especialmente os de menor escala.
De acordo com estimativas da Secretaria de Política Econômica do Ministério da Fazenda, o chamado “tarifaço” teria gerado impacto de 0,2 ponto percentual no PIB brasileiro até 2026. Reuters Com a retirada parcial das tarifas, espera-se uma recuperação gradual das exportações prejudicadas e uma melhora no clima de negociações comerciais entre os dois países.
Com essa decisão, aumentam as expectativas sobre novas negociações entre Brasil e EUA. Para analistas, a redução tarifária pode ser um passo inicial para acordos mais amplos, mas há cautela: o Brasil busca não apenas isenções pontuais, mas um ambiente de comércio mais previsível e menos politizado.
Já para o agronegócio brasileiro, a medida representa uma vitória, mas não elimina todos os riscos. A reconstrução da confiança no mercado norte-americano dependerá não só de políticas tarifárias, mas de consistência diplomática e técnica na negociação.