Ensino a Distância no Brasil: Uma Falsa Democratização em Debate

20 de maio de 2025

Especialistas alertam que a expansão do EaD no país compromete a qualidade da educação superior, priorizando lucros em detrimento do preparo dos estudantes.

O Ensino a Distância (EaD) no Brasil, apesar de ter impulsionado o acesso ao ensino superior, está no centro de um acalorado debate sobre a qualidade da educação. Para críticos como Daniel Cara, professor da Universidade de São Paulo (USP), a modalidade, da forma como tem sido implementada, configura uma “falsa democratização”, expandindo o número de vagas às custas de um declínio nos padrões educacionais.

A discussão ganha relevância em um cenário onde as melhores universidades do país, especialmente em cursos como Medicina e Direito, continuam a priorizar o modelo presencial, ressaltando a importância da interação prática e do ambiente físico para a formação integral dos estudantes.

Qualidade em Xeque: O Lucro Acima da Educação

A recente regulamentação que exige um mínimo de 20% de aulas presenciais ou síncronas em cursos a distância é vista por Cara como uma melhoria mínima, mas insuficiente para reverter o quadro. A crítica principal recai sobre a primazia do lucro por parte das instituições de ensino privadas. Segundo ele, essa priorização financeira tem levado a uma queda significativa na qualidade dos programas de EaD, impactando diretamente o preparo dos alunos para o mercado de trabalho.

Muitos estudantes que buscam o EaD o fazem por uma questão de necessidade, impulsionados por suas condições socioeconômicas vulneráveis e pela esperança de melhores oportunidades de emprego. Contudo, a baixa qualidade de muitos cursos a distância frequentemente os deixa despreparados e com dificuldades para se inserir ou progredir no ambiente profissional.

Novas Regulações e o Futuro do EaD

As novas regulamentações também introduzem o conceito de cursos “semipresenciais”, que exigirão pelo menos 70% da carga horária presencial. Essa mudança é esperada para afetar a lucratividade das instituições de ensino que se baseiam fortemente no modelo totalmente a distância.

Daniel Cara defende uma regulamentação mais rigorosa para o setor de educação privada, enfatizando que o decreto atual é apenas um passo inicial rumo à melhoria da qualidade do ensino superior no Brasil. A necessidade de equilibrar a expansão do acesso com a garantia de um ensino de excelência permanece como um dos maiores desafios para o futuro da educação a distância no país.

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