Calçado, PE – Em um sinal de descontentamento crescente, mesmo entre membros da base governista, a gestão municipal de Calçado (PE) foi alvo de críticas contundentes na última segunda-feira, 24 de novembro, durante a sessão da Câmara Municipal. Os vereadores Bino, Zé Maike e Nobinho, todos da base aliada do Governo, utilizaram a tribuna para cobrar ações mais eficazes e urgentes no abastecimento d’água, especialmente nas áreas rurais e comunidades que dependem de caminhões-pipa.
O Vereador Bino foi enfático ao expressar sua solidariedade à população e sua insatisfação com a situação. “Somos a base e não gosto de ver o povo sofrendo, não,” declarou, lamentando o sofrimento da população.
Um dos pontos centrais levantados pelo Vereador Bino foi a precariedade na manutenção do serviço de caminhões-pipa, essenciais para o município. O vereador alertou sobre as falhas no abastecimento e a desistência dos motoristas devido aos pagamentos insuficientes.
“Eles estão desistindo! Muitos estão desistindo, não têm condições. Diz que recebe o dinheiro e não dá nem para botar pneu no caminhão,” denunciou Bino.
Diante da gravidade, o vereador exigiu uma resposta imediata do executivo. Bino afirmou que buscará uma reunião com o gestor para reforçar a frota e garantir melhores condições de trabalho: “Eu vou sentar amanhã, nós vamos sentar para nós conversar, para ver se nós reforça esses nove caminhão. Se for preciso dar um aumento aí, nós vamos dar. Agora, que bote água pro povo!”.
O Vereador Zé Maike reforçou as cobranças, detalhando a logística falha do abastecimento, que estaria gerando longos percursos desnecessários e, consequentemente, deixando comunidades sem água.
Zé Maike citou o caso de um pipeiro que, sendo de Santa Rita, estaria transportando água de Zé Medeiros até Pitombeiras, ignorando localidades mais próximas.
“O caminhão sair de Santa Rita com caminhão de água, de Zé Medeiro, para transportar para Pitombeira, ou Melancia, e a Vaza do Gado ficar sem água, eu acho isso uma má administração,” criticou Maike.
O Vereador Nobinho interveio no debate para ratificar que a situação na Pitombeira, apesar das cobranças da população, não está sendo resolvida, e o problema foge de sua alçada como legislador.
“Mas essa questão aí, lá na Pitombeira não está sendo resolvida, não, a questão de água. O pessoal lá é reclamando e todo mundo cobrando a água. E eu o que eu tenho para dizer ao pessoal é que não depende de mim,” declarou Nobinho, transferindo a responsabilidade da resolução para a administração municipal.
As fortes cobranças dos vereadores da base, ressaltando o sofrimento da população e classificando a gestão hídrica como “má administração” e “clamor,” colocam pressão direta sobre o Governo Municipal. A reportagem manteve contato com a Secretaria de Agricultura do Município, responsável pelo controle logístico e financeiro dos abastecimentos, para obter um posicionamento sobre as denúncias.
O Secretário de Agricultura, Erik Galindo, informou que a pasta está enfrentando dificuldades na locação de caminhões-pipa para prestar o serviço de abastecimento. Quanto aos valores pagos, ele esclareceu que estes são acordados previamente ao contrato e o pagamento é realizado por “carrada” (viagem/entrega).
Galindo também apontou a redução drástica na disponibilidade de água:
“Os poços utilizados para captação d’água tiveram baixas significativas em suas vazões, onde poços que davam 12 mil litros d’água atualmente dão por volta de 6 a 8 mil apenas.”
O Secretário reiterou que a Prefeitura tem precisado intervir até mesmo na área urbana, cuja responsabilidade primária é da COMPESA, devido à falta de fornecimento adequado. Segundo ele, no mês passado, foram realizados cerca 1.300 abastecimentos, onde 900 abastecimentos foram na cidade e 400 famílias foram atendidas na zona rural.
No que tange a ações práticas para mitigar a crise, o Secretário informou que na última quarta-feira (26) foi feita a instalação de um poço artesiano na comunidade de Miné, e há planos para a instalação de mais dois, o que garantirá água encanada para cerca de 100 casas.