A regulamentação da EJA Ensino Médio Pernambuco EaD reacendeu um debate urgente sobre inclusão digital, acesso às políticas públicas e o direito à educação de qualidade. A nova resolução do Conselho Estadual de Educação de Pernambuco (CEE-PE) autoriza que até 50% da carga horária da Educação de Jovens e Adultos no Ensino Médio seja ofertada a distância, decisão que provocou forte reação de sindicatos, conselhos, professores e movimentos sociais.
Com o novo formato, as escolas que ofertam EJA poderão substituir metade das atividades presenciais por aulas online. O Conselho afirma que a resolução apenas segue diretrizes do Conselho Nacional de Educação (CNE).
Segundo o presidente do CEE-PE, Natanael Silva, Pernambuco teria adotado um modelo “equilibrado”, já que outros estados permitem até 80% da carga horária em EaD.
O CEE-PE reforça que a mudança não significa ensino remoto improvisado, mas um modelo de EaD com plataformas adequadas, tutoria e acompanhamento pedagógico.
A decisão recebeu críticas de 46 entidades, que divulgaram uma moção de repúdio denunciando que a medida pode aprofundar desigualdades já conhecidas no estado.
O Sintepe reforça que muitos alunos da EJA não possuem condições mínimas de acompanhar aulas virtuais, seja por falta de internet, falta de equipamentos ou falta de familiaridade com tecnologia.
Para a presidente do sindicato, Ivete Caetano:
“A EJA por EaD será um crime contra essa população que historicamente foi excluída da escola.”
As entidades afirmam que implementar metade da EJA Ensino Médio Pernambuco EaD nesse formato pode converter uma política reparadora em um novo obstáculo para jovens e adultos que trabalham em horários irregulares ou moram em regiões com baixa conectividade.
Outro ponto polêmico é o Artigo 13 da resolução, que estabelece mínimo de 15 alunos na zona urbana e 10 alunos na zona rural para abertura de turmas.
Movimentos educacionais argumentam que isso pode dificultar a criação de turmas em localidades periféricas e rurais, onde a demanda tende a ser menor.
O receio é que a EJA Ensino Médio Pernambuco EaD, aliada ao critério numérico, reduza a oferta em vez de ampliá-la.
A Secretaria de Educação de Pernambuco (SEE-PE) afirma que nenhum estudante será prejudicado pela regulamentação.
Segundo a pasta, a modalidade EaD pode até beneficiar jovens e adultos trabalhadores, que encontram dificuldades em comparecer à escola diariamente.
Ainda assim, especialistas alertam que o governo precisará garantir internet, equipamentos e acompanhamento para que a implementação não aprofunde exclusões.
A polêmica envolvendo a EJA Ensino Médio Pernambuco EaD revela um conflito central: como equilibrar inovação pedagógica e inclusão social em um estado onde milhares de pessoas ainda enfrentam barreiras digitais? A ampliação da carga horária a distância pode até representar modernização, mas também expõe limites estruturais profundos, como a falta de acesso regular à internet, equipamentos adequados e ambientes seguros de estudo. Para muitos estudantes da EJA, a escola não é apenas um espaço de aprendizagem, mas de acolhimento, convivência e suporte emocional.
Mais do que tecnologia, a discussão passa por direitos, justiça social e pela necessidade de políticas que realmente acolham quem teve sua trajetória educacional interrompida. É preciso garantir que a implantação do modelo não aprofunde desigualdades e que cada decisão considere o perfil real dos estudantes, suas dificuldades cotidianas e suas diferentes realidades sociais.