Nomeação de Virgílio Oliveira como adjunto reacende tensão entre os Poderes
A nomeação do advogado Virgílio Oliveira como administrador adjunto de Fernando de Noronha reacendeu a crise entre a Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe) e o governo de Raquel Lyra. Mesmo com o gesto do Executivo de evitar a sabatina, a oposição garante: a pauta seguirá represada na Comissão de Justiça da Casa.
Na última quinta-feira (15), o governo estadual publicou no Diário Oficial a nomeação de Virgílio como administrador adjunto — um cargo que não exige sabatina da Alepe. Com isso, ele assume a gestão da ilha sem o aval direto do Legislativo.
O antigo adjunto, Aglailson Neto, foi deslocado para o cargo de superintendente geral do arquipélago.
Responsável pela Comissão de Constituição, Legislação e Justiça (CCLJ), o deputado Alberto Feitosa (PL) afirmou que o movimento do governo não altera o cenário.
“Nosso trabalho na Assembleia não se conecta com esse tipo de nomeação. Seguimos sem previsão”, declarou Feitosa.
A oposição reforça que a crise entre os poderes está longe de uma solução e que a sabatina seguirá travada.
O presidente do Conselho Distrital de Fernando de Noronha, Milton Luna, afirmou que o conselho apoiará o nome escolhido pela governadora. Ele disse que não cobrará a sabatina, mas espera que o processo avance.
“Temos que ajudar. O que tinha que ser feito na Alepe foi feito. Noronha tem muita coisa para colocar em dia”, afirmou Luna.
Luna havia convidado os parlamentares para uma audiência pública em Noronha, marcada para o dia 28 de maio. No entanto, a Comissão de Justiça cancelou o encontro. Um dos que participariam era o deputado João Paulo (PT), que viu a nomeação como uma saída legal, mas pediu mais diálogo entre os Poderes.
A disputa pelo controle da sabatina é apenas parte de uma quebra de braço maior entre a Alepe e o governo Raquel Lyra. Outro ponto crítico é o atraso no pagamento das emendas parlamentares de 2024.
A recente negativa da Alepe em aprovar o empréstimo de R$ 1,5 bilhão pedido pelo governo reflete o clima de embate. A comissão de Finanças travou a votação, e diversas pautas seguem paradas na Casa.
Enquanto o governo busca saídas administrativas, como a nomeação indireta de Virgílio, a oposição mantém o bloqueio das matérias. O impasse político pode atrasar ainda mais a execução de projetos importantes para o estado e para Noronha.